Domingo 28.07.13 cheguei em Iguape preparado para o primeiro dia da novena. É a minha segunda novena que acompanho. Minhas impressões são que a festa de Agosto, sob o ponto de vista de fé, é mais relevante para os turistas, romeiros e peregrinos que para os próprios iguapenses. Existem muitas categorias de pessoas que invadem Iguape neste período: os barraqueiros que montam suas tendas para vender toda a sorte de bugigangas; os larápios que vão bater carteiras dos bêbados e desavisados; os romeiros que são movidos pela fé no intuito de pagar promessas ou por pura tradição; os iguapenses comerciantes ávidos pelo lucro com seus preços abusivos; os iguapenses moradores que recheiam seus bolsos para as épocas minguadas alugando suas casas, quartos, terrenos e banheiros; os iguapenses políticos e abastados que comparecem às comemorações religiosas como forma de autopromoção...tem de tudo.
Vi muitos moradores iguapenses pegando fila na basílica para por as mãos nos pés do Bom Jesus sendo que existem 356 dias restantes para demonstrar sua fé. Vi muita gente entocada em suas casas, admirando o movimento pelas janelas sem coragem de sair pela cidade. Vi muita gente alheia a tudo da festa levando sua rotina monótona. Vi pessoas de todas as mesclas chegarem de muitas origens do interior de São Paulo e da região sul para participar da festa.
São muitos prós e contras: esta festa dá uma aquecida na economia de Iguape promovendo a cidade, renova-se a fé de muitos cristãos católicos, mantém-se uma tradição de 366 anos da história linda do município de Iguape, reforça os laços e o orgulho dos moradores locais, revitaliza a cultura caiçara; por outro lado, toda a cidade e região recebe um forte impacto ambiental: a população passa de 30.000 para mais de 200.000, e como consequência muita sujeira e lixo espalhados pela cidade, pisoteamento da orla do mar pequeno, risco de depredação dos monumentos históricos e casas tombadas; aumento do volume do esgoto gerado e outros pontos negativos.
Para mim particularmente aprecio o ritual da novena, as procissões, as missas e as manifestações populares. O homem necessita de símbolos para expressar seus sentimentos, emoções e reforçar suas instituições.
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