Iguape

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A Princesa do Litoral

domingo, 23 de junho de 2013

INQUIETAÇÃO - incertezas do Vale

Ainda em Junho, numa passada no Centro Cultural de Iguape, rebuscando uns artigos, encontrei o livro de Júlio Cesar da Costa - escritor poeta natural de Miracatu - SORTILÉGIOS E TESOUROS - adquiri um exemplar. Trata-se de uma coletânea de  poemas relacionados ao nosso Vale. Iniciei a leitura e confesso fiquei frustrado a princípio - não gostei. Na sexta 22.06.13 ao pegar um Cometa para Campinas para uma aula no sábado, insisti: levei o livro e me pus a lê-lo. Diferentemente das primeiras páginas, agora os versos foram me envolvendo, neles pude sentir todas as emoções das almas negras arrancadas de seu torrão africano e fadadas a servir de ferramentas de trabalho na extração do vil metal numa terra desconhecida na divisa das Tordesilhas entre o rio, o mar e a floresta - agora o único lar de suas gerações.  Aqui destaco um poema puramente cultural, social e ecológico das incertezas do destino da nossa gente do Vale:

O VALE TEIMA ESCONDER SEUS PERTENCES
SUAS RIQUEZAS
A MEDIOCRIDADE ACEITÁVEL
ONDE ESTARÁ A NOSSA PEDRA?
NOSSA FONTE DE INFORMAÇÃO?
O MONTE PARNASO É TÃO LONGE DAQUI
MAS XIRIRICA É ALI!
DE FRANCISCA SÓ OS MÁRMORES DE ARAÇÁ.
A BUSCA DA IDENTIDADE CULTURAL
MULTICULTURALISMO
O CÉU OU O ABISMO?

O VALE TEIMA ESCONDER SEUS PERTENCES
CAMUFLA-SE AOS JARGÕES DA POBREZA,
DA FOME.
INCRÍVEL ESSE SONHO,
BANANEIRAS NÃO DÃO MAIS BANANAS
INQUIETAÇÃO É O NOVO FRUTO
O TAL FRUTO DA PÓS MODERNIDADE
INCRÍVEL, COMO É RICO ESSE VALE!

O que eu interpreto deste poema: o vale do Ribeira é o mais pobre território paulistano economicamente falando, porém culturalmente falando esconde ainda grandes tesouros que podem estar ameaçados pela pasteurização social que iguala toda manifestação sócio-cultural contemporânea, e por isso a inquietação do poeta.... 

Estou na metade do livro e acredito que terei mais emoções e mais achados.



   

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