Iguape

Iguape
A Princesa do Litoral

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Presépio na Caverna do Ódio


Voltando de Ilha Comprida paramos para ver o presépio montado na Caverna do Ódio, sítio arqueológico localizado no sopé do Morro do Espia. A formação rochosa com certeza abrigou os primeiros homens que pisaram no litoral Atlântico pois estudos arqueológicos mostram vestígios dessas ocupações humanas pela presença de carvão de fogueiras e restos ósseos de pequenos animais, peixes e carapaças de moluscos e crustáceos. Esses depósitos de materiais orgânicos e calcários empilhados ao longo do tempo pela ação do homem e das intempéries do tempo denominados Sambaquis estão presentes na região estuária de Iguape e constituem-se em importantes fontes de estudos sobre a vida dos primeiros habitantes brasileiros. Muitos dos sambaquis foram destruídos para a formação da cidade de Iguape, porém tais fósseis ainda encontram-se presentes nas paredes dos casarios tombados do centro histórico da cidade. Um exemplo vivo do axioma de Lavoisier: "na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma". Hoje a área serve para visitação de turistas, prática de rapel, esconderijo de eventuais viciados noturnos e até como fundo para montagens de um presépio. Acho que o Bom Jesus aprovou a iniciativa de chamar a atenção para aquele local mágico.   
           



quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Morro do Farol

Domingo passado 16.11.2015 estive conhecendo mais de perto a Vila de Icapara juntamente com meu amigo Ilso em companhia também de Cleovaldo (vulgo Pepe). Fomos a um restaurante bem no pé do morro onde fica o farol que dali avistávamos.

Farol Icapara, em Iguape, utilizado para sinalizar as embarcações que adentram ao Mar Pequeno. 

Pesquisando sobre o lugar encontrei no folclore local a lenda icaparana da Mulher de branco do caminho do Pontal e aqui registro:


Diz a lenda que, na época do Brasil Colônia, próximo ao morro do farol, morava uma família cuja filha, já adulta, vivia na cama devido a uma doença. Conta-se que houve uma invasão armada na vila e que a família foi obrigada a fugir. Não tendo como levar a sua filha, deixaram-na para trás e nunca mais foram vistos, tendo sido provavelmente mortos pelos invasores. A filha abandonada acabou morrendo de fome e sede em sua cama. Desde então, é vista pelos que cruzam a estrada do Pontal, próximo ao local de sua antiga casa onde ataca as pessoas que ousam andar por essa estrada sozinhos.

Um dos ataques mais recentes ocorreu nos anos de 1990, mais precisamente entre 1994 e 1995, onde um morador do Pontal que voltava sozinho à noite, da Igreja de Icapara para a sua casa. Ele contou que viu uma mulher de branco caminhando a sua frente. De repente, ela entrou na mata e desapareceu. Quando o morador olhou para trás, lá estava ela caminhando na outra direção da estrada. Ele a seguiu por alguns metros mas a perdeu de vista assim que ela desapareceu novamente na mata. Assustado, retornou em direção a sua casa, foi quando sentiu alguém o segurar e arranhar suas costas. Correu desesperado para casa com sua camisa em farrapos e alguns arranhões nas costas. 

Depois desse episódio, ele deixou de andar sozinho à noite nessa estrada para evitar um novo encontro com a mulher de branco.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Conversa de buteco: Papo de Louco

Como sempre no Adilson's nunca falta quem conte uma piada. Esta quem contou foi Ney do supermercado Nova Vida:

Estavam dois loucos a conversar. Num dado momento um louco falou para o outro:
- Poxa estamos conversando aqui por horas e eu não sei seu nome. Como você se chama?
- Eu me chamo Jesus.
- Jesus de quê?
- Jesus!
- Como assim?
- Jesus de Nazaré.
- Quem te falou isso?
- Deus ora bolas
E o outro respondeu enfaticamente:
- Euuuu?



quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Conversa de buteco: Sem Calcinha.

Lá estávamos no Adilson tomando umas cervejas. Quem contou esta estória foi meu amigo Ilso que trabalha no Forum de Iguape. 
Seu Osmanir morador do Rocio, pai de Tico e  Teco duas irmãs gêmeas, já com a idade a lhe derrubar e acometido pelo diabetes já não tinha muito ânimo para o desempenho marital, mas não dava o braço a torcer. Certo dia ele chegou e foi dormir. Ao deitar-se sua mulher, já dentro das cobertas, lhe disse cheia de vontade - Benzinho estou sem calcinha...Ele não hesitou e respondeu: - Durma mulher assim desse jeito mesmo, amanhã compramo essa porra na feira.

Visagem na vila das Pedrinhas

Hoje 14.10.14 o nosso pub Adilson's foi visitado por uma figura inusitada, o "Moda Antiga", conhecido pescador e morador da Ilha Comprida entre a região de Ubatuva e Pedrinhas. Contou tantos causos hilários que se confundiram em minha mente. Porém uma estória foi por demais impactante que não pude deixar de registrar. O caso se deu nos anos 60 com ele e seu avô que voltavam de Iguape para a Ilha Comprida de barco onde haviam levado feixes de lenha para vender. Ao chegar próximo da Ilha através de barco a remo escutaram uma voz medonha de longe chamar "- Ei você aí". Ventava muito e ambos, neto e avô, desconsideraram o ocorrido e continuaram a jornada.  Mais adiante, novamente "- Ei você aí". Amedrontados começaram a prestar mais atenção no percurso. E Mais uma vez"- Ei você aí". Então "Moda" arrepiou-se e seu avô já pensava que seria a finada esposa o chamando. Encostaram o barco na margem do mar pequeno e estáticos ficaram ali estarrecidos a mercê da visagem que os chamava. O vento apertou e o "- Ei você aí" não parava. Dado momento, em pleno terror, sob a luz do luar, um reflexo intermitente num ponto da margem. Aí perceberam engastalhado num ramo um pedaço de disco fonográfico que ao sabor do vento girava feito uma hélice e que ao passar numa folha de pipiri * eletrizada pela brisa tocava um trecho da marchinha de carnaval de Moacyr Franco "Me dá um dinheiro aí". Acreditem se quiser , os créditos vão para o "Moda Antiga". 

* O piripiri (Cyperus giganteus), para os ilha-compridenses somente piri, é uma planta palustre da família das ciperáceas. Suas folhas e colmos são utilizados no fabrico de esteiras, produzem fibra semelhante ao linho e fornecer celulose de ótima qualidade. Também chamada de capim- esteira, periperi,periperiaçu, tabira.

De quebra aí vai a marchinha canavalesca de Moacyr Franco:

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Cocada Mole de Brejaúva

Instigado pelo meu vizinho Osni que não parava de martelar comendo brejaúvas fui e comprei na feira de quinta um cacho de brejaúvas. Comi algumas, mas achei sem graça, muito trabalho para um coquinho sem muito gosto. Ficou quase duas semanas o cacho me olhando em cima do congelador de fora da casa. Ai resolvi, pedi para Micael quebrar todos os coquinhos e juntar das polpas.



Daí piquei as polpas em pedaços pequenos.


Em uma panela coloquei 2 copos (americano) de açucar e um copo e meio de água em fogo alto.


Deixei a calda cozinhar até ponto de fio médio. Acrescentei os pedaços de brejaúva e meia lata de leite condensado.

Minha intenção era que a cocada ficasse no ponto de fazer porções duras, mas ficou mole e coloquei em uma travessa.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Conversa de buteco: A surra de Dito Caolho


Ontem 29.09.2014 choveu parcialmente e nas tréguas que a chuva dava eu e Micael, noivo de minha filha (nada de genro, pois parente ainda não é, só usufrui de minha filha, fazer o quê?) passávamos um impermeabilizante nas paredes externas da casa de Iguape. Fizemos isso até 12h30, depois a chuva não parou mais e fui eu fazer o almoço. Almoçamos e fomos tirar o sono justo dos iguapenses. Levantei era 18h00 com as badaladas da Basílica anunciando a hora da Ave Maria. Tomei o banho, lambuzei meu corpo com as pomadas devidas para minha psoríase, tranquei Micael na casa e fui para o Adilson's Pub escutar as conversas novas e as antigas. Chegando lá estava Diocélio, Celso,  um senhor morador da nossa rua que não sabia o nome, Adilson o "donudubá" (assim denominado por Braguinha), William Becherer (tomando suas cervejas para poder navegar mais tarde na internet procurando relíquias para postar no "Historiando Iguape"), e logo depois Osni meu vizinho. Ao pedir uma cerveja e iniciar um diálogo com Celso, eis que chegou Dito Caolho, pescador parceiro de seu Zé pai de Pipoca (presidente do Boi Tatá)  todo agitado. Mais que depressa Celso chamou-o no canto, debulhou algumas notas de dinheiro e passou para Dito. Ao voltar Celso me disse que devia algumas vivocas para Dito e tinha esquecido de acertar. Fiquei reparando na figura de Dito Caolho, pescador, chinelo de dedo, cujo pé nunca viu sapato na vida, sentou em levantou uma cinco vezes conversando com Diocélio, atrás de um doce dos potes do Bar que o satisfizesse. Perguntei de Dito para Celso, e este, como sempre, iniciou seu relatório: Dito pescador xucro, poucas palavras e respostas sempre prontas. Um dia, Dito se bateu com outro pescador, a desavença foi às últimas consequências e iniciou-se a briga. O próprio Dito relatou: - Levei dezessete chutes no cu e e sete socos na cara. E arrematou: - Ah! se eu não fosse de circo....tinha apanhado muito.
     

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Vivoca frita


Vivoca (Diapterus mombeus) é um peixe muito apreciado pelo iguapense. Apesar de ser encontrado em todo o litoral brasileiro não é muito explorado comercialmente. Seu nome varia conforme a região e é também conhecido por Carapeba ou Caratinga. Seu Zé  pai de Pipoca pescador antigo de Iguape é meu fornecedor de vivocas. 





Consertei 5 vivocas pequenas ( prefiro porque cabem inteiras na minha panela de ferro).



Temperei com 3 limões galeguinhos (difícil de encontrar em São Paulo, mas aqui em Iguape muitos mantém um pé desse limão no quintal), sal, coloquei manjericão, salpiquei um saquinho de hondashi e coloquei para dormir 01 noite na geladeira.


Dia seguinte empanei com crockmix que nada mais é que amido de arroz na sua totalidade (descobri que o amido de arroz é melhor para frituras, pois não queima e deixa pouco resíduo não sujando a panela conforme vai-se fritando os peixes) 


Tudo pronto para a fritura e eis aí o resultado


Foi só almoçar, eu, Micael (noivo da minha filha) e Mel (minha cachorrinha) que dureza!!!!



conversa de buteco: o curió perneta

canto do curió  clique para escutar)
O curió também conhecido por avinhado (Oryzoborus angolensis) é um pássaro canoro nativo do Brasil e muito apreciado pelo seu canto. Pequeno (cerca de 15 cm) sendo o macho preto na parte superior do corpo e castanho avermelhado na parte inferior e na parte interna das asas na cor branca. É criado em cativeiro, porém seu habitat natural são as florestas sub-tropicais úmidas e florestas secundárias que hoje estão altamente degradadas.Eu mesmo fui criado ao som do canto de um curió que meu avó pegou da mata ainda filhote. Este curió teve uma vida longa, 13 anos na gaiola e seu canto mavioso embalou minha infância quase toda.Caminhando para a extinção nas florestas ainda pode ser visto na reserva florestal de Itatins área de preservação do nosso município de Iguape. 
A estória que apresento agora é mais um causo contado pelo meu amigo Marco Franco sobre o legendário iguapense Pedro Seca. Pedro quando não estava construindo ataúdes era também um criador e roleiro de curiós. Uma vez a ele foi encomendado um curió que fosse bom cantador e assim Pedro separou seu curió de melhor canto. Passado uma semana uma reclamação veio a ele: havia uma problema com o curió, o pássaro não tinha uma das patas.
Pedro Seca então indagou: 
- O pássaro não canta bem? o fulano respondeu-lhe que o o curió cantava muito bem.
Então Pedro soltou: 
- Você queria uma curió que cantasse ou que fosse jogador de futebol?    .  


sábado, 20 de setembro de 2014

Robalo ao forno à minha moda

Seu Zé pai de Pipoca matou e eu consertei 02 robalos e 7 vivocas:


Congelei os peixes e hoje estou fazendo um robalo

ROBALO AO FORNO À MODA RECEITA 

Ingredientes
01 robalo (pode ser dois, depende do tamanho da forma) tainha também fica da hora
02 a 3 tomates cortados em barquinhos 
02 cebolas cortadas em pétalas
01 pimentão vermelho picado em quadradinhos (pode ser o amarelo ou a verde tb)
06 a 10 batatas cortadas em largura de 1cm (a quantidade depende da forma, pois as batatas vão forrar a assadeira fazendo uma cama para o(s) peixe(s)
03 dentes de alho (picado na faca sem amassar)
uma trouxinha de salsa + cebolinha (pegar a cebolinha e uns raminhos de salsa fazer uma trouxinha que vai dentro do peixe.
02 a 03 cenouras cortadas em palito (corta na metade e depois em quatro transversalmente)
02 a 03 limões (de preferência galego ou cravo, mas pode ser outro)
ingredientes secretos: um sache de hondashi (tempero japonês, na quitanda dos irmãos Kiohara tem); folhinhas de alecrim dessecado (lá tb tem)

Preparo
Faça cortes  laterais no peixe para penetrar os temperos. passe sal a gosto no peixe e esprema os limões também. Não jogue fora os limões espremidos coloque-os dentro da cabeça do peixe (normalmente eu tiro as guelras para isso). Coloque dentro do peixe os pedaços de alho, salpique as folhinhas de alecrim e coloque o trouxinha de salsa e cebolinha.
Salpique sal na assadeira, forre com um pouco de azeite extra-virgem na assadeira, faça uma cama com as batatas; salpique um pouco do hondashi por cima das batatas e deite o(s) peixe(s) coloque os demais ingredientes (cenoura, tomate e pimentão) salpique o resto de hondashi do sache e regue azeite generosamente. Deixe pelo menos 01 hora descansando.
   
Assar mais ou menos 50 minutos em fogo médio (não precisa virar o(s) peixe(s)).
O tempo pode ser mais ou menos, depende do seu forno o ponto é quando não tiver mais caldo no fundo da assadeira e sim só o azeite.

Agora é só deliciar-se. Oh vida difícil a do iguapense...Hê...como pôco...


Pitu flambado na Cristiano

Ico deu-me um punhado de pitus que ele apanha. Estavam ainda vivos.
Consertei os bichinhos, coloquei sal e espremi 01 limão galeguinho do pé lá de Ilso.
 Coloquei na frigideira, com azeite extra-virgem  e quando os bichinhos ficaram vermelhinhos taquei-lhes uma dose de Cristiano. O fogo ardeu por uns dez segundos nos pituzinhos. Dava para ver a carne frigindo por debaixo da casca e aquele aroma inigualável da "Cris" subindo.
Acompanhou uma salada caprese com tomate, rúcula e queijo frescal de búfala que comprei na feira de quinta.
Moleza!!!! ser iguapense tem dessas coisas...

Conversa de Buteco: O caixão de Pedro Seca.


Ontem estava eu no Adilson's Pub conversando com Celso e eis que chega Marco Franco que reside em Santos, mas também morador de nossa rua aqui de Iguape. Não o conhecia direito, mas se mostrou um grande contador de causos iguapenses. Dentre muitos que contou, um dos "publicáveis" foi o de Pedro Seca. Pedro, morador da rua do funil, tinha a alcunha de Seca em alusão ao termo "seca pimenteira" pois era  fazedor de caixão de defunto. Certa feita encomendaram um caixão para uma defunta. Pedro foi lá e tirou as medidas da falecida e se pôs a fazer o ataúde. Entregou a encomenda e retirou-se. Logo depois recebeu um chamado dizendo que a finada não estava cabendo em sua última morada. Pedro pegou sua trena e foi ressabiado pois nessas coisas nunca tinha falhado com ele. Ao chegar no local do guardamento, examinou exaustivamente a dita morta , olhou, olhou e assim disse taxativamente:
- Não há nada de errado com o caixão, as medidas estão corretas. Agora esta mulher vai pro cemitério ou vai dançar no "Supimpa" ? Olha o tamanho do salto do sapato que botaram nela!!!! Tá fácil, heim?Mainga de Deus.       

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Temporada de Brejaúva

Brejaúva ( Astrocaryum aculeatissimum)

Hoje a tarde estava eu passando impermeabilizante nas paredes de casa quando ouço uma bateção de martelo no meu vizinho. Fiquei curioso e fui dar uma espiada e vi o pessoal se fartando de comer brejaúvas. Só fui conhecer este fruto em Iguape. Lá encontrei nas feiras de domingo e quinta-feira. O fruto provém de uma palmeira de pequeno porte que cresce em touceiras nas áreas remanescentes de mata atlântica na faixa costeira cobrindo a Bahia até Santa Catarina. Suas amêndoas são muito apreciadas por aqui e são também conhecidas como ariri. O pessoal diz que apanhar o cacho é complicado, pois a touceira tem muitos espinhos e inflamam os arranhões. 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Baile Flash Back do Boi Tatá


Neste sábado 13 de Setembro ocorreu o primeiro baile flash back promovido pela diretoria do bloco Boitatá. Cheguei no dia 10.07 em Iguape ansioso para garantir os ingressos e a mesa e saber dos preparativos. No sábado chegou minha família e às 23:30 fomos ao tão esperado baile. E como fala o iguapense "deu bom", teve muita animação, uma seleção de músicas de primeira, e  exímios bailarinos: "Maicon" Dito Fole ("torrado" como sempre), Walter Cuca e Mica. Walter Cuca é um caso a parte, não ingere nada de bebida alcoólica e vive a base de uma dieta de banana e refrigerante Dolly, dançou freneticamente ficando todo ensopado de suor. Uma disposição invejável deste senhor que leva uma vida simples e feliz a seu modo.      

Conversa de Buteco: Receitas do Dr. Gravatá


Assistindo a um programa de luta de box em nosso PUB o "Adilson's"  Celso (e sempre ele) puxou uma conversa sobre o Dr. Gravatá (um dos muitos errantes dos bares de Iguape): Por ocasião da luta de Anderson Silva que quebrou a perna  e perdeu a revanche para Chris Weidman, Dr. Gravatá logo deu a sua receita:
- Tomar guanxuma com leite e passar lama do mangue na perna. Depois de uma semana o Anderson estaria quebrando perna de mesa.
NOTA: Guanxuma, trata-se da Sida rhombifolia L. Uma planta semi-arbustiva com um sistema radicular muito profundo, sendo difícil de arrancar. Ocorre em todo o Brasil. É utilizada na medicina popular como um tônico, anti-inflamatório e febrífugo. Nas áreas rurais seus ramos são usados ainda para a confecção de vassouras. 


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Romaria e Procissão do Bom Jesus de Iguape

Romaria é uma peregrinação religiosa feita por um grupo de pessoas a uma igreja ou local considerado santo, seja para pagar promessas, agradecer ou pedir graças, ou simplesmente por devoção, podendo ser feita a pé, a cavalo ou em veículos (bicicleta, motos ou carros). O nome do termo é uma referência a Roma, sede da Igreja Católica Apostólica Romana, e por esse motivo é usada para classificar especialmente peregrinações católicas. Aquele que pratica a romaria é o romeiro.
Procissão (provém de procedere, "para ir adiante", "avançar", "caminhar") é um corpo organizado de pessoas caminhando de uma maneira formal ou cerimonial. Muitas vezes acontece sob a forma de um cortejo religioso realizado em marcha solene normalmente pelas ruas de uma cidade, carregando imagens e entoando orações ou cânticos.  Este ritual segundo a crença, tornaria as pessoas e os locais, abençoados. 
No catolicismo, normalmente acontecem em devoção a um santo (ou santos) ou à Santíssima Trindade, onde se faz transportar as imagens de Jesus Cristo, da Virgem Maria ou dos santos pelas ruas da localidade em festa.
As procissões podem possuir um significado profundo para o fiéis e simbolizam a caminhada de oração do Povo de Deus, em comunidade, rumo à casa do Deus Pai. Caminhar tem um sentido teológico muito precioso para os cristãos: a Missão. Sair de sua casa, deixar seus familiares, para anunciar o Evangelho. Levar a Imagem do Santo pelas ruas significa espalhar as bençãos que a fé proporciona. Para os participantes, seguir uma procissão é seguir Jesus, que também andou em procissão rumo ao calvário, onde teria conquistado a salvação de toda a humanidade. 
Assim acontece todo o dia 06 de Agosto a 367 anos em Iguape quando se realiza a grande festa em louvor ao Bom Jesus de Iguape, uma imagem de Jesus Cristo encontrada em 1647 por índios da praia da Juréia a caminho da vila de Itanhaém em busca de mercadorias encomendadas. A partir daí muitos relatos de aparições e milagres ocorreram na região. O culto em louvor ao Bom Jesus logo difundiu-se tornando-se um dos polos  de peregrinação mais importantes do Brasil.  



terça-feira, 5 de agosto de 2014

Nossa Senhora das Neves padroeira de Iguape.

A igreja católica prega a devoção de seus santos e em especial à Virgem Maria por ser ela a que Deus designou para ser mãe de Jesus Cristo. Considerada pelos católicos a mãe espiritual de toda a humanidade é a sua maior intercessora junto a Deus e junto a seu filho Jesus.
O título Nossa Senhora da Neves (também conhecido por Santa Maria Maior) se deve a uma antiga tradição em que um rico casal romano pediu em oração à Virgem Maria uma orientação para empregar a sua fortuna. Em sonho foi dada a mensagem de que Santa Maria desejava a construção de uma igreja no monte Esquilino num local que aparecesse coberto de neve. 
Isto aconteceu numa noite de 4 para 5 de Agosto, em pleno verão. No dia seguinte , ao percorrem o monte Esquilino, designação de três montes que ficam na periferia de Roma, encontraram um local no monte  Cispio um terreno que amanheceu inteiramente nevado. Ali construiu-se a Basílica de Santa Maria Maior.
No Brasil, Nossa Senhora das Neves é padroeira de muitos municípios. A região de Iguape, litoral sul do estado de São Paulo, começou a ser povoada logo após o descobrimento do Brasil, pois o meridiano do Tratado de Tordesilhas entre Portugal e Espanha passava por este local.
Em meados do século XVI, já havia um pequeno povoado, onde atualmente fica o bairro do Icapara. Em 1577 foi construída a primeira igreja em homenagem a Nossa Senhora das Neves.Diz a tradição que a imagem da santa chegou a bordo de um brigue português que se refugiou na barra do Icapara fugindo de uma nau pirata  . Em 1614 foi construída uma nova igreja quando os moradores resolveram mudar para a atual localização de Iguape o qual perdurou até meados do século XIX sendo substituída pela atual Basílica.   
Portanto, todo dia 05 de Agosto em Iguape é comemorado o dia de Nossa Senhora das Neves com missa, procissão e término da novena. 

domingo, 3 de agosto de 2014

Conversa de Buteco: AÍVA


Dos murmurinhos das rodas dos amigos do Boi Tatá em seu templo maior, o Bar do Adilson, os meus ouvidos curiosos captaram mais de uma vez um termo para mim desconhecido:

- Hoje estou muito aíva. 
- Este aparelho celular de Fole é muito aíva, não funciona direito.
- Cuidado com fulano, esse cara é aíva, não confie nele!

Fui pesquisar e trata-se de mais um regionalismo iguapense originado dos índios tupis - aíua - com significado de meio doente, amofinado, desorientado. Existe um segundo sentido também que seria uma pessoa ou coisa sem valor ou insignificante. Mais uma que aprendi.


Merda da Lua

Iguape faz parte de uma região litorânea onde ocorreram os primeiros contatos dos portugueses e espanhóis com os nativos índios e com os negros trazidos para a exploração das riquezas da terra. Dessa miscigenação nasceu a cultura caiçara palavra de origem tupi referindo-se aos habitantes das zonas litorâneas do Brasil e mais especificamente dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina que mantém as mesmas características de formação étnica e parâmetros culturais comuns. Um aspecto importante a destacar deste modo de ser é o respeito e observação da natureza desenvolvendo um saber peculiar. Uma grande influência em seu modo de vida que está relacionada às atividades de pesca, a caça e o plantio da roça são as fases lunares e, portanto, a Lua dá rumo a várias decisões e crendices. Uma dessas crendices é a chamada "merda da lua" que consiste numa pasta amarela sem cheiro que aparece de manhã bem cedo, após noite de lua cheia no chão parecendo que caiu do céu por deixar rastros invariavelmente de cima para baixo. Para o caiçara a lua caga quando alguma coisa está errada avisando algum mau agouro e principalmente denunciando que alguma mulher próxima a casa onde a lua cagou está grávida. Para ilustrar o que já escutei de comentários pelos caiçaras iguapenses passo um vídeo da Associação Mandicuera de Cultura Popular retratando uma encenação sobre essa crendice caiçara.

  





Historiando Iguape

Dos Iguapenses que conheço gostaria de registrar a figura de William um dos irmãos Becherer fundadores do Bloco Boi Tatá. Desportista trabalhou em São Paulo como professor de natação. É um cliente assíduo do Bar do Adilson mesmo porque é o proprietário do prédio do estabelecimento. Como individuo é reservado, porém muito eloquente quando fala. Faz um trabalho relevante nas redes sociais, mantendo as páginas das atividades do Bloco Boi Tatá, do Bar do Adilson e promovendo um resgate da história de Iguape postando fotos de várias épocas registrando momentos da vida e locais da cidade. Através dessas fotos podemos ver as mudanças ocorridas no cenário da cidade, relembrar de pessoas que foram importantes na comunidade, registro histórico de algum evento relevante e promover interações significativas do convívio entre as pessoas que apresentam uma causa comum. Do meu ponto de vista um modo sui generis de fazer história.


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Novenas

Na acepção da palavra novena é uma série de nove dias. Para os Cristãos é um encontro para orações realizado neste período para manifestar a devoção a Deus (Pai, filho e Espirito Santo), a Virgem Maria, aos Anjos e Santos. E por que o número nove? A tradição das novenas iniciou-se após a morte de Jesus Cristo na recém formada comunidade cristã que reuniu-se em torno de Maria entre a Ascensão de Jesus ao céu e a descida do Espírito Santo (Pentecostes) que durou nove dias. O número 9 apresenta ainda um significado especial por representar três vezes o número três que por sua vez está relacionado à Santíssima Trindade. Portanto, tenho por mim que o número 9 é o número de Deus. Particularmente acompanho a Novena do Bom Jesus de Iguape e Nossa Senhora das Neves para demarcar o término de um ciclo e início de outro e refletir sobre o que tenho e não tenho feito na vida para ser uma pessoa melhor. 



sábado, 26 de julho de 2014

Conversa de buteco: O boitatá de Iguape

Primeiramente não devemos confundir o lendário Boitatá, a cobra de fogo , o fogo-fátuo com o não menos folclórico Boi Tatá da nossa vila Xurupita. Esta narrativa foi de Maíco já tocado por algumas doses de PARATUDO. A lenda do Boitatá no imaginário indígena consiste numa luz que se movimenta no espaço daí a imagem da marcha ondulada de uma serpente com olhos que parecem dois faróis e couro transparente que cintila nas noites mata afora. A causa do mito pode ser explicada pela reação química originada da decomposição de ossos de animais mortos, ossos ricos em fósforo branco, um material altamente inflamável ao contato de um raio ou faísca. 
Explicações a parte vamos ao causo ocorrido e repercutido na cidade de Iguape. Um motorista da prefeitura trabalhava numa retroescavadeira na BR222 próximo ao Ribeira desbastando um barranco alinhando a estrada para evitar algum possível desmoronamento. O homem trabalhou o dia inteiro e no final do dia já anoitecendo entrou na rodovia Casemiro Teixeira rumo ao Porto Ribeira com a retroescavadeira. Como já era noite, ligou os faróis da cabina e com a caçamba levantada vinha pela estrada. O motorista cansado que estava esqueceu de suspender as sapatas laterais que dão estabilidade à máquina e conforme vinha dirigindo as sapatas resvalavam no asfalto formando chispas luminosas com o atrito. A estrada não tinha iluminação e tudo que aparecia eram os dois faróis brilhando, chispas de fogo rente ao chão e no escapamento tochas explosivas e barulhentas formando um fumaceiro para trás do veículo. As pessoas que voltavam para suas casas vendo naquele breu a aparição barulhenta deram meia volta para a cidade correndo e gritando: Olha o Boitatá!! Olha o Boitatá...E assim Maíco encerra seu causo em meio a gargalhadas dos ouvintes.   


Conversa de buteco: Santuário ou Sanitário?


Como sempre no bar do Adilson em meio ao burburinho de conversas uma estranheza: Celso quieto, só ouvindo, sem emitir uma exclamação. Noite adentro muita cerveja e gente entrando  e saindo do banheiro para se aliviar. Celso em pé, parecia o guardião do banheiro. Determinado momento ele soltou: - Na última excursão para Aparecida promovida pelo pessoal do Boi Tatá teve um camarada que se entupiu de cerveja e tava doido para se aliviar. Pelas imediações da catedral viu uma fila e entrou. Acompanhando o sicrano foi beltrano e a fila não andava e a coisa apertava. Ao chegarem perto da porta a placa SANTUÁRIO. E aí a discussão entre os dois: mais eu li na placa SANITÁRIO. e aí foi mais um sarro geral no bar despertando finalmente os eloquentes discursos de Celso.
    

Adilson's Pub: o bar do "Xi"

Estando em Iguape sozinho não dá para ficar uma noite sem passar no Public House da Vila Garcez, o bar do Adilson. Para mim é um verdadeiro PUB não perdendo para o mais legítimo inglês: estilo medieval, pouca iluminação, televisão ligada, cerveja, de vez em quando música ao vivo e muita mais muita conversa fiada. Logo que um frequentador assíduo aponta na porta já é recepcionado pelo outros com um estrondoso "Xi"  cuja pronúncia tende a ditongação parecendo uma panela de pressão chiando. Interjeição em forma de exclamação significando que uma má presença se adentra no recinto e assim recepcionando se faz um lembrete ao recém chegado  que ele é uma persona non grata e que abrevie ao máximo sua estadia ali. Esta exclamação é revestida do modo de ser iguapense em sua expressão dos contrários, explico: quando se diz "muito" quer dizer "pouco" e vice versa. Daí vem outra expressão muito frequente  na boca dos iguapenses "Eh... moleza" no sentido de desaprovo de uma situação.  Concluindo, na realidade o "Xi" no bar do Adilson é uma identificação de um filiado e um lisonjeio velado de sua presença.